BRT Transoeste – Relato 2

Mais um relato da minha peregrinação utilizando o BRT do RIo de Janeiro, continuando a série de posts iniciada pelo Relato 1. O objetivo de hoje era ir da Alvorada até a restinga de Marambaia numa segunda, com feriado decretado até meio dia devido à JMJ, mas com movimento pela cidade (um pouco mais tranquilo que o normal, é verdade). Eu sabia que a estação mais próxima à restinga de Marambaia, sítio Burle Marx e trilhas para a praia do Perigoso era a estação Ilha de Guaratiba, a primeira após o túnel da Grota Funda. Olhei na página do BRT e me certifiquei que a estação Ilha de Guaratiba era do sistema Expresso do BRT, como destacado na figura abaixo.

mapa oficial BRT

retirado da página do BRT

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fotografado numa das estações

Embarquei, então, no Expresso, sem me preocupar se era Santa Cruz ou Pingo D’água. Depois de pegar vários sinais vermelhos, cheguei ao Recreio. Após a estação Recreio Shopping, eu esperava uma última parada, antes do túnel, na estação Pontal, o que não ocorreu, e logo olhei para a estação Pontal ficando pra trás com preocupação. Após o túnel, também a estação Ilha de Guaratiba ficou pra trás, sendo a própria uma estação simples, somente com duas vagas para BRT por sentido, não sendo, portanto, uma estação expressa, que tem quatro vagas (2 para parador e 2 para expresso, ou pelo menos era assim que eu entendia). Passaram, também, as estações CTEx e Embrapa e só consegui desembarcar na estação Mato Alto (essa, sim, com 4 vagas). Até aí, estava mais ou menos dentro do esperado, a solução, portanto, era voltar 3 estações usando o sistema Parador. Entretanto, não via nenhum parador se aproximar, e, pelo monitor de chegadas de carros, não havia nenhuma previsão para BRT Parador.

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Então, uma pessoa, que não aparentava ser funcionário do BRT (sem crachá ou uniforme), mas parecia apenas uma alma caridosa, começou a avisar a todos que estavam sentados na área para embarque e desembarque dos carros paradores que não haveria parador no dia e disse que devia pegar o Expresso que vem de Pingo d’Água que pararia nas estações. Não entendi bem o que ele disse no momento e esperei mais um pouco, para ver se conseguia enxergar na parte de fora da estação algum ônibus da linha 867, que serviria para ir até Marambaia. Depois de mais um tempo, perguntei novamente a um outro funcionário (também sem identificação) que estava informando a todos que passavam pela roleta (que ironia, não?) que não havia o serviço parador. Ele não soube responder minha pergunta “Como chegar à estação Ilha de Guaratiba sem parador?” e perguntou a uma faxineira, que disse que os carros com vista de Alvorada, no sentido Alvorada, estavam parando nas estações parador até o Pontal e, em seguida, só parava nas estações expresso ao longo do Recreio e Barra. Embarquei, então, no BRT cheio, sem ter muita certeza se ia descer em Ilha de Guaratiba ou no Recreio Shopping, e consegui completar a ida.

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Na volta (já não era mais feriado na cidade), aconteceu basicamente o mesmo. Nenhum BRT parava na estação Ilha de Guaratiba, em nenhum dos sentidos e, em certo momento, encostou um BRT Pingo d’Água com vista de Expresso e embarquei nele para voltar à estação Mato Alto. Ele não anunciou nenhuma das estações CTEx e Embrapa, somente anunciando na Mato Alto, apesar disso, parou nessas estações. Na estação Mato Alto, embarquei num expresso que realmente só voltou a parar na Recreio Shopping, ou seja, só nas estações com estrutura de Expresso. Ao desembarcar, percebi que havia umas observações com relação a certas estações Parador, incluindo, aí a Ilha de Guaratiba.

Retirado da página do BRT

Retirado da página do BRT

Pode ser que não tenha sido usada a “lógica” dessa observação (e, se notar, ainda há ‘sub-observações’ em amarelo dentro da própria observação), mas, mesmo que essa “lógica” acima seja usada no dia-a-dia, é uma lógica pouco intuitiva, com horários variados e, principalmente, não há como descobrir exatamente qual BRT está aproximando. No sentido Alvorada, por exemplo, a vista é “Alvorada”, não tendo, portanto, com saber se vem de Mato Alto, Pingo d’Água ou Santa Cruz (pelo menos eu, como usuário esporádico, não sei identificar isso). Além disso, nem sempre as vistas estão corretas, algumas vezes estão com a vista trocada.

 

paradas transoeste

Lista de estações, como visto na porta de embarque da estação (clique para ampliar)

É curioso, também, que na própria estação Mato Alto, há uma indicação que ela mesma não é do sistema expresso (nem Magarça e Pingo d’Água, essa última, que é ponto final), mostrando que as informações são conflitantes entre si, sem um consenso. A estação Mato Alto tem 4 vagas, portanto, do sistema Expresso. É lamentável que tenham complicado um sistema que basicamente só faz um caminho. Os problemas de logística foram tantos que os problemas estruturais acabaram ficando meio de lado, mas pude notar que a estação do Mato Alto estava com as portas abertas permanentemente abertas e algumas pessoas ficavam do lado de fora da estação. Também notei que há um desnível na pista ao entrar na estação, no sentido Santa Cruz e, quando o BRT passa, alguns dos vidros tremem muito. Fiquemos em cima da prefeitura através do 1746 para que o serviço se torne mais simples de usar, freqüente e com mais informações (nas estações e nos ônibus), porque, no sistema tradicional, ao menos podemos perguntar ao motorista, mas no BRT, não tem para quem perguntar. A impressão que dá é que a falta de transparência na hora de divulgar os custos da passagem e a divisão dos gastos entre prefeitura e empresas de ônibus se reflete na falta de transparência na hora de ensinar ao passageiro como o serviço de comporta… Espero melhoras…

2 thoughts on “BRT Transoeste – Relato 2

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